Coleta Seletiva ou Usina de Reciclagem e Compostagem?
A produção de rejeitos (tudo aquilo que não se aproveita da triagem, retornando ao lixão ou aterro, como as embalagens compostas de vários materiais ou a vácuo, papel carbono, isopor, tecidos, etc.) é de 42%, em média. Em São José dos Campos, SP, chega a 71%! A eficiência das operações está diretamente ligada à competência e boa vontade dos funcionários nas esteiras, o que torna o processo muito vulnerável, e não conta com o auxílio prévio da população. Num programa de coleta seletiva recupera-se cerca de 90 % de recicláveis - os 10 % restantes são rejeito. O composto orgânico formado na usina contém cacos de vidro, tampinhas e outras miudezas inorgânicas que "escaparam" da triagem, e às vezes está contaminado com metais e líquidos tóxicos (que vazam de pilhas, por exemplo). Um estudo realizado em 21 usinas de alguns estados brasileiros revelou a presença de metais pesados - como mercúrio, chumbo e cobre - no composto orgânico em diferentes estágios de maturação. Essa baixa qualidade do composto levou a usina de Araras, no interior de São Paulo, por exemplo, a estocar 9 mil toneladas deste composto, para as quais não havia compradores interessados.
Segundo os pesquisadores, os níveis de contaminação poderiam baixar de duas formas: a) tornando o processo aeróbico, o que exige um acompanhamento mais especializado e um tempo de maturação maior e, basicamente, b) fazendo-se uma separação prévia dos resíduos através da coleta seletiva (Debates Sócio-Ambientais, 1995). Já o resíduo orgânico coletado seletivamente pode ser compostado em montes com umidade e arejamento adequados. Isso não exige máquinas, pois o material já vem separado pela população. Os materiais separados na usina, devido à sujeira e contaminação, valem muito menos no mercado de recicláveis que aqueles coletados seletivamente. Este valor é normalmente determinado por decreto, enquanto que o dos recicláveis oriundos de programas de coleta seletiva é negociado livremente com sucateiros e indústrias. Uma usina costuma ser apresentada (e vendida!) a administradores municipais como um equipamento milagroso, que consegue "dar um fim ao problema do lixo" (segundo diversos prospectos e folders de propaganda), dispensando outras alternativas para seu tratamento e, ainda, gerando lucro. É bom lembrar que sua operação tem custo alto, exigindo troca periódica de peças e um tempo "de descanso" para manutenção.
O retorno financeiro de uma usina é nulo. Não há nenhuma usina brasileira que seja, sequer, auto-sustentável. A receita da usina de Vitória, ES, por exemplo, cobre apenas 30 % de suas próprias despesas. Apesar destes evidentes inconvenientes, muitas usinas se mantém no País, operadas por empreiteiras remuneradas pelas prefeituras de acordo com o número de toneladas de lixo processadas. Se a produtividade deste serviço, e respectivo pagamento, fosse em função das toneladas efetivamente recuperadas, tanto de recicláveis quanto de compostáveis, talvez as operadoras tivessem mais interesse em aprimorar o rendimento da triagem, diminuindo os rejeitos do processo que acabam indo para lixões e aterros. Mais grave, porém, que todos estes aspectos operacionais, é o fato de que a instalação de uma "usina de lixo" numa cidade não contribui para uma reflexão em torno do desperdício e da geração de resíduos. Pelo contrário, alivia a consciência da comunidade, que se sente no direito, graças à nova parafernália tecnológica, de consumir livremente e descartar tudo aquilo que não quer mais... Por último, considerando o fato de que a "usina não recicla nenhum material, apenas separa os materiais..." sugere-se que o termo mais apropriado para este tipo de instalação seja Centro de Triagem e Recuperação da Matéria Orgânica (CASTRO, 1996).
Créditos: http://www.lixo.com.br/site_antigo/www.lixo.com.br/usina.htm
Boa matéria.... agora precisa divulgar seu blog, use as redes sociais... outras pessoas precisam saber que existe pessoas preocupadas com o nosso futuro no planeta.
ResponderExcluirObrigada e pode deixar que vou divulgar sim professora! :]
ExcluirOI! Parabéns pela bela matéria! Boa iniciativa!
ResponderExcluirOi, obrigada! Ao menos tentei fazer uma boa divulgação sobre o assunto da reciclagem. Volte sempre (:
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